Obesidade e Doença Renal: uma relação de peso!

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Obesidade e Doença Renal: uma relação de peso!

A obesidade é um grave problema de saúde pública.
A prevalência de sobrepeso e obesidade é alarmante, atingindo mais da metade (56%) da população brasileira.
Estima-se que, até 2044, 130 milhões de brasileiros estarão acima do peso — 83 milhões com obesidade e 47 milhões com sobrepeso.

A obesidade está longe de ser um problema estético.
Ela está associada ao desenvolvimento de doenças cardiovasculares, como diabetes, hipertensão, doença arterial coronariana e doença cerebrovascular.
Os pacientes acima do peso têm risco muito maior de infarto, derrame e insuficiência cardíaca.

Os rins também sofrem com o excesso de peso — seja por lesões indiretas (devido ao risco maior de diabetes e hipertensão, as principais causas de doença renal crônica) ou por lesões diretas (esclerose glomerular, inflamação, estresse oxidativo, hiperativação do sistema renina-angiotensina e adipocinas).
Essa condição já é conhecida como Doença Renal da Obesidade.

O sobrepeso e a obesidade aumentam a chance de doença renal crônica entre 20% a 40% e 60% a 100%, respectivamente.
Já pacientes com obesidade severa (IMC > 35) têm até três vezes mais chance de desenvolver doença renal crônica.
Mesmo os pacientes com IMC não tão elevado, mas com aumento da circunferência abdominal (obesidade visceral), têm 40% a 60% mais chance de desenvolver Doença Renal Crônica.

A obesidade também acelera a progressão da doença renal crônica em mais de 50%.
Dados de 2019 indicam que 15% dos casos de doença renal crônica terminal estão diretamente associados à obesidade.

Hoje há diversas estratégias que ajudam na perda de peso e, consequentemente, melhoram a saúde renal.

As já famosas “canetas emagrecedoras” — análogos de GLP-1 (Ozempic, Mounjaro) — têm efeito muito significativo na perda de peso e também efeitos nefroprotetores independentes.
Os também muito prescritos inibidores de SGLT-2 (dapa e empagliflozina) têm efeito protetor renal e atuam na perda de peso.
A própria cirurgia bariátrica, indicada nos casos de obesidade mais grave, diminui o risco de ocorrência e progressão da doença renal crônica.

Para o controle de peso, orientações clássicas são pilares importantes no emagrecimento: dieta equilibrada e atividade física.
O déficit calórico — ingerir menos e gastar mais — é o grande “segredo”.

Cuide da sua saúde e mantenha-se no peso adequado. O bom funcionamento renal depende disso!

Dr. Fabiano Bichuette Custodio
CRM MG 46712 – RQE 31363

FAQ – Perguntas Frequentes

1. A obesidade sempre leva à doença renal?
Não. Porém, o excesso de peso aumenta de forma significativa o risco de desenvolver doença renal crônica, principalmente quando associado a diabetes, hipertensão e obesidade visceral. Quanto maior o IMC e a circunferência abdominal, maior o risco.

2. Pacientes com obesidade podem reverter o dano renal?
Depende do estágio. Em fases iniciais, o tratamento adequado do peso, controle da pressão, controle glicêmico e uso de medicamentos nefroprotetores podem impedir a progressão da doença renal. Em estágios avançados, o foco é retardar o avanço.

3. Qual tipo de dieta é recomendada para proteger os rins em pacientes com obesidade?
Uma dieta equilibrada, com baixa quantidade de sal, redução de ultraprocessados, controle de carboidratos simples e aumento de frutas, verduras e proteínas magras. Cada caso deve ser individualizado com orientação médica e nutricional.

4. A cirurgia bariátrica melhora a função dos rins?
Sim. Em pacientes com obesidade grave, a bariátrica reduz o risco de desenvolver doença renal crônica e pode melhorar marcadores renais. Ela também contribui para o controle do diabetes e da pressão arterial, dois grandes inimigos dos rins